Aneurismas cerebrais

Esta patologia é relativamente frequente e com certeza você já ouviu falar dela ou de alguém que teve um aneurisma. Nem sempre as recordações são boas, uma vez que os aneurismas cerebrais se manifestam na maioria das vezes por hemorragia cerebral.

Cerca de 2% da população apresenta um aneurisma cerebral e algumas populações tem índices ainda maiores. Ressalta-se o fato deles serem muito mais frequentes em mulheres, na proporção de 4:1. O sangramento ocorre de forma abrupta e se manifesta com uma dor de cabeça muito intensa e de instalação súbita, “a pior dor da vida”, como alguns pacientes já nos relataram. A gravidade da hemorragia depende de caso a caso e deve ser tratada em Hospital imediatamente. Quanto antes o aneurisma que rompeu for tratado, melhor, pois a possibilidade de ressangramento nos primeiros dias é muito alta. Infelizmente alguns pacientes falecem no momento da hemorragia (morte súbita) ou ainda apresentam um dano neurológico tão grave que nem mesmo chegam a ser tratados.

Mas o que é um aneurisma?

Ele pode ser explicado como uma dilatação na parede da artéria (vaso sanguíneo), como uma “bolha”. A parede do aneurisma é muito fina, menos resistente à pressão arterial do que o vaso normal e é por este motivo que ele se rompe.

Imagine uma bexiga que resiste ao aumento de seu volume até certo ponto, onde a borracha fica tão fina que estoura. Esta é uma comparação que permite entender porque os aneurismas sangram muito mais quando são maiores e porque aneurismas pequenos apresentam menor chance de sangrar.

Até o desenvolvimento da microcirurgia nos anos 1980 as técnicas para tratamento cirúrgico dos aneurismas eram rudimentares. Técnicas endovasculares desta época também eram precárias em termos de resultados e segurança.

Nos anos 1990 surgem as molas para embolização de aneurismas cerebrais, um avanço enorme que impactou demais no tratamento e resultados clínicos dos pacientes.

Diversos aprimoramentos dos materiais e posteriormente o desenvolvimento de stents tornaram o tratamento ainda mais seguro e os resultados ainda melhores. Mais recentemente foram desenvolvidos novos tipos de stents, chamados diversores de fluxo que modificaram radicalmente a técnica e os resultados do tratamento. Outros dispositivos para serem introduzidos nos aneurismas, como plugs, também estão disponíveis mais recentemente. A evolução tecnológica é contínua e traz cada vez resultados melhores para esta técnica, menos invasiva do que uma microcirurgia, na qual é necessário se abrir o crânio do paciente.

Falamos aqui sobre os aneurismas que romperam e causaram hemorragia cerebral mas vale dizer que podemos tratar os aneurismas antes que eles rompam, sem todo este risco de danos e lesões cerebrais causadas pelo sangramento.

Como é feita a embolização de um aneurisma cerebral?

Em termos de acesso, geralmente utilizamos a artéria femoral, uma que fica na nossa virilha. Podem também ser utilizadas para acesso aos vasos cerebrais as artérias radiais, do punho.

Por este acesso é introduzido um cateter guia, do calibre de uma caneta Bic, por exemplo, pelo interior do qual os microcateteres que irão chegar no aneurisma são introduzidos. Todo este procedimento é realizado numa sala de hemodinâmica, sob anestesia geral, sem dor para o paciente. A duração da cirurgia depende do grau de dificuldade técnica do caso, podendo durar de 1 a várias horas.

O paciente é encaminhado para UTI para seguir o tratamento intensivo, quando o aneurisma rompeu, ou eventualmente para uma semi-intensiva, quando o aneurisma foi tratado sem hemorragia recente.  Nestes casos o período de internação é breve, um a dois dias, e o paciente podem retomar suas atividades habituais em menos de 1 semana.

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