Malformações arteriovenosas cerebrais

Esta patologia é rara e talvez você esteja procurando informações por ter descoberto este problema em você mesmo(a) ou em algum ente querido, geralmente mais jovens. É uma patologia descoberta  na maioria das vezes antes dos 40 anos e um pouco mais frequente em homens. Ela se manifesta mais frequentemente por hemorragia cerebral mas também por crise epilética, cefaléia (dor de cabeça), alem de outros sintomas mais raros. O risco estimado de sangramento de uma MAV é de 2 a 4% ao ano.

Assim como a hemorragia provocada pelo rompimento de um aneurisma, o sintoma do sangramento ocorre de forma abrupta e se manifesta com uma dor de cabeça muito intensa e de instalação súbita, podendo ser acompanhada de déficit neurológico (paralisia, perda de movimentos) ou crise epiléptica. Os sintomas variam de acordo com a localização da lesão pois o cérebro apresenta funções determinadas principalmente pela localização. A gravidade da hemorragia depende de caso a caso e deve ser tratada urgentemente em ambiente hospitalar. A possibilidade de ressangramento nos primeiros dias é alta, motivo pelo qual o paciente deve ser internado imediatamente.

A MAV se assemelha a um novelo onde os vasos arteriais e venosos se comunicam diretamente pois não se formaram corretamente durante o período embrionário. São por este motivo mais frágeis e não resistem à pressão arterial no seu interior como os vasos normais.

Já falamos que o local da MAV é muito importante, mas outros fatores também são determinantes da gravidade e eventual dificuldade para o seu tratamento. Desta forma, MAVs que se situam profundamente no cérebro e MAVs de tamanhos maiores são mais complexas e dificultam o seu tratamento.

Existem escalas preditivas da complexidade das MAVs e também tentam estabelecer o risco de sangramento das mesmas para as que ainda não sangraram. Digo aqui, ainda não sangraram, pois esta é a pior manifestação das MAVs e, infelizmente, a mais frequente. MAVs que já sangraram anteriormente apresentam um risco maior de sangrarem novamente. Se pudéssemos prever com acurácia quais MAVs irão sangrar futuramente, dentre as que nunca sangraram, poderíamos oferecer o tratamento preventivo para as mesmas.

Por que não se indica atualmente o tratamento de todas as MAVs se elas podem sangrar e acarretar morte ou sequelas? Porque o tratamento é complexo e apresenta riscos que podem por vezes superar o risco de sangramento.

Tendo isso claro, a decisão de tratamento de uma MAV deve ser realizada por profissionais experientes, preferencialmente por um time multidisciplinar que tenha experiência com esta rara patologia.

As MAVs podem ser tratadas por microcirurgia, embolização e radiocirurgia. A combinação dos métodos é necessária na maioria das vezes.

A embolização das MAVs pode ser realizada com intenção curativa ou como preparação para uma microcirurgia ou radiocirurgia. Existem diferenças técnicas nestas estratégias.

Diversos aprimoramentos dos materiais tornaram o tratamento mais seguro e os resultados da embolização melhores.

Como é feita a embolização de uma MAV?

Pode-se utilizar a via arterial ou venosa, dependendo muito do caso e da estratégia adotada. São geralmente programadas sessões consecutivas em número variável. Quando a estratégia for diminuir o volume e fluxo da MAV, deve-se proceder em etapas para que as modificações do fluxo da lesão seja gradativa e se diminua assim o risco de complicações.

Geralmente se utiliza a artéria femoral como via de acesso, que fica na nossa virilha. Podem também ser utilizadas para acesso aos vasos cerebrais as artérias radiais (do punho) ou até mesmo as carótidas (do pescoço).

A via de abordagem venosa requer uma punção da veia jugular, no pescoço ou femoral.

Pelo acesso é introduzido um cateter guia, do calibre de uma caneta, pelo interior do qual são introduzidos os microcateteres que irão chegar até MAV. Pode-se utilizar uma espécie de cola para selar as comunicações arteriovenosas da MAV ou um produto líquido como um plástico, à base de etileno-vinil-álcool, sendo o mais comum chamado Onyx (existem outros com nomes diferentes que tem a mesma fórmula). A quantidade de produto injetada é também variável, caso a caso, e dependem de fatores técnicos que são julgados durante a cirurgia.

Todo este procedimento é realizado numa sala de hemodinâmica, sob anestesia geral, sem dor para o paciente.

A duração da cirurgia depende do grau de dificuldade técnica do caso, podendo durar várias horas. O intervalo entre as sessões de embolização pode variar de 1 a vários meses, dependendo do caso e de outros fatores.

O paciente é encaminhado para UTI para observação.  Geralmente o período de internação é breve, 2 a 3 dias, e o paciente podem retomar suas atividades habituais em cerca de 1 semana.

Após o término das sessões de embolização programadas o paciente é encaminhado para tratamento complementar, como a remoção microcirúrgica da MAV, parcialmente ocluída, ou a radiocirurgia, focada na parte que não foi ocluída pela embolização.

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